Fui desafiado para escrever sobre vinhos e comida, tarefa difícil ou menos fácil depende da perspetiva. A dificuldade de nos pronunciarmos sobre vinho ou comida advém das muitas das suas diversidades, as papilas gustativas, os palatos, os sabores, as sensibilidades, as interpretações, a visualização, que cada um de nós faz a reflexão à sua maneira.
Perante estas particularidades, e outras não enumeradas, a boa comida e o bom vinho será então aquele que quando estamos numa situação que comendo o suficiente e bebendo sem prevaricações ficamos cheios… Será?
De prazeres, de sabores e aromas, de imagens mentais ”gravadas“ no momento, ou divagações verbalizadas com o nosso vizinho da cadeira ou mesa do lado acerca de quem fez e como fez a comezaina tão cheia de tudo, e quanto carinho e trabalho terá sido dedicado a produção de tão belos sabores, aromas e cores num néctar que se poderá dizer de divinal e onde se poderá encontrar nas muitas catedrais de sabores onde se combina de forma exemplar a comida e o vinho.
O bom vinho e a boa comida será quando ficamos então cheios, mas em simultâneo tão leves que nos permite divagar e sonhar ao sabor dos aromas, das imagens, das cores onde os olhos vêem o que não está à vista. Ouvimos os barulhos dos tachos e dos lagares e sentimos o prazer daqueles que se dedicam de alma e coração à feitura do vinho e da comida, onde o físico não se cansa porque o prazer sobrepõe-se ao cansaço e a alma se enche tal como uma garrafa do belo e maravilhoso néctar. Sim, é quando ficamos cheios, mas de prazer pela experiência de sabor.